Marco Luque: tamo junto

Só de estar nas cadeiras “N” do teatro Celina Queiroz, vocês já poderiam me taxar como muito sortudo ou como muito louco, isso porque as tais cadeiras são reservadas para deficientes físicos, e eu estava lá, tudo porque ao entrar na Northwest ,andando, a vendedora da respectiva loja não percebeu que eu não era cadeirante. Tudo ficaria bem, se eu não tivesse a brilhante ideia de ir pras cadeiras da frente conversar com minha amiga e tentar a sorte grande de ficar lá durante todo o show, exatamente no dia em que os ingressos da sessão se esgotaram como se fosse para entrar no show funeral do Michael Jackson. O resultado foi que eu tive que voltar para minha cadeira N 06, ainda desavisado de que era reservada para deficiente. E ao chegar lá, esperando escontrá-la como a cadeira de um salva-vidas (totalmente isolada), me deparo com o único cadeirante do teatro, uma ótima pessoa pelo que pareceu. Afinal, não é qualquer um que se retira de um assento reservado para si, só porque chegou um gaiatinho se dizendo o dono. Isso mesmo, caros leitores, eu em minha infinita impiedade pedi a um deficiente que saisse de um lugar que era seu por direito. Quando me sento na cadeira, que olho para o lado me deparo com. Isso mesmo, exatamente esse símbolo. O símbolo que marcava a minha ignorância. O símbolo antecipado, que mesmo antes de começar o show já parecia rir da minha cara. Tirando estes pequenos detalhes que insistem em acontecer com exclusividade na minha vida. O espetáculo Tamo Junto do ator, integrante do CQC, motoboy e taxista Marco Luque foi de fato espetacular. Sua entrada no palco a lá Flash Dance foi de fato a melhor. Não poderia ter sido feita de maneira mais humorística e triunfante, ao mesmo tempo. Já de início, Luque usou da interatividade com a platéia, tornando o espetáculo diferenciado e dinâmico. Em seguida recitou uma poesia belíssima, que foi no mínimo: estranho. Estranhíssimo ver o Marco Luque recitando uma poesia e por ser ele não deixou de ter um toque de humor no final. Em seu stand up Comedy, do dia 27, em Fortaleza, Luque faz uma reflexão sobre a importância da valorização do teatro (no dia mundial do teatro). Esse fenômeno tão diferenciado da Tv e do cinema. Ele até brincou com Tatiane, menina que ia a primeira vez ao teatro naquele dia: dizendo que ir ao teatro era muito bom, que no intervalo serviam pizza, no final tinha apresentação de uns “Gogo Mans”. E ainda brincou dizendo que o teatro era aquilo, um lugar no qual você podia conversar com o ator, quando você poderia fazer aquilo no cinema , por exemplo? Em seu espetáculo Tamo Junto, ele faz piadas sobre nosso tão incrivelmente hilário cotidiano, sobre filmes, sobre expressões meio (Nexo Zero). E faz piadas na hora, de acordo com a interação da plateia. A melhores partes do espetáculo, na minha opnião, são duas: a cena que ele faz uma paródia aos filmes, com destaque a Matrix . E as cenas sobre os animais, principalmente a parte dos imortais poodles Railanders. Exclusivamente, no espetáculo do dia 27, tivemos a participação de uma peru pessoa que estava imitando um peru. Marco também cria expressões que certamente ficarão na boca do povo. Como as utilizadas no espetáculo: “Sinixxxtro” (não esqueça de colocar a mão do lado do nariz) e as expressões do tipo “safadêinha”. Enfim, em resumo, o espetáculo foi isso. Mas nada como ver o fenômeno teatral acontecer diante de seus próprios olhos e tirar suas próprias conclusões, perceber suas próprias reações. Vão ao teatro. Vale a pena! Se fosse pra resumir o espetáculo em uma palavra, sem dúvida seria: